por Julieta El-Khouri
O velho jeitinho brasileiro, sempre presente no Judiciário do RJ, livrou a cara do goleiro Bruno, envolvido no assassinato de Elisa Samúdio, em junho de 2010. O tribunal de justiça do Rio resolveu reduzir a condenação do acusado e, com isso, extinguiu a pena, mas o meliante continuará preso por conta de outro processo que corre no Tribunal de Justiça de Minas.
Veja a seguir.
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TJ-RJ reduz pena de Bruno por sequestro e a considera extinta
14 de agosto de 2012 • 15h48 • atualizado às 15h55
Pena de Bruno e Macarrão foi extinguidas após redução do TJ-RJ
Foto: Luiz Costa/Hoje em Dia/Futura Press
A Justiça do Rio de Janeiro reduziu nesta terça-feira a pena do goleiro Bruno
em 1 ano e dois meses no caso em que ele foi condenado, em primeira instância, a
4 anos e seis meses de prisão, pelos crimes de sequestro, cárcere privado, lesão
corporal, constrangimento ilegal e concurso material de Eliza Samudio.
Como o ex-goleiro do Flamengo já está há mais tempo preso, a redução feita
pela Câmara da 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio fez com que a
pena de Bruno se extingusse. Porém, o atleta ainda responde pelo desaparecimento
de Eliza Samudio em processo que corre na Justiça de Minas Gerais e, com isso,
continuará preso.
O TJ-RJ também julgou recurso da defesa de Luiz Henrique Ferreira Romão, o
Macarrão. A pena de Macarrão também foi reduzida para 1 ano e dois meses, em
regime aberto, e extinta.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando
teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano
anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que
estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios
abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o
reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia
sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade
do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia
25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê
apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do
goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na
propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que
havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em
Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias
anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus
disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi
assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no
Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no
crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno
foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial
civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a
estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou
os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados
foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de
participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de
Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio
Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime.
Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia,
decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e
morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime.
Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a
participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi
indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e
ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O
jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a
morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e
cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e
agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou
quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e
constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado.
Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa
Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado,
sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne,
Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e
cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva
dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de
MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles
responderá pelo crime de corrupção de menores.
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