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terça-feira, 14 de agosto de 2012

MASSACRE AO INTELECTO

por Tamiris K. Bernardino


Pra quem ainda duvida que filmes do tipo do Batman incitam à violência, segue abaixo a visão de outra pessoa, que, aliás, nem conheço. É fato que a violência e a morte realmente atraem os olhares humanos. Mas será que essa obsessão pelo sangue já nasce com a gente? Na minha opinião, não.
Fomos acostumados a ver a destruição como sinônimo de poder. Não é à toa que nossos super-heróis socam, chutam, atiram, matam e nós os veneramos. Por que não admirar pessoas que nos fazem rir ou nos emocionar com uma cena romântica? Pode ser até que admiremos, mas nada comparado à idolatria aos heróis. Devemos tentar pelo menos que as próximas crianças mudem um pouco sua maneira de pensar. Temos, agora, que dar o exemplo... Que nós consigamos resistir e escolher uma comédia para assistir no fim de semana, e não uma matança.



Brasil de Fato.com.br

Massacre no cinema


Somos animais de carne e osso com uma trágica consciência da dor, da maldade, da morte

02/08/2012
Braulio Tavares
Muita gente não tem a menor ideia de como um filme de longa-metragem é feito. Não sabe, e não se interessa em saber. Deve achar que é como filme de aniversário de criança: organiza-se a festa, chama-se o rapaz com a câmera, e no outro dia o filme está pronto pra passar. Não é assim. É um trabalho insano e cansativo, que envolve às vezes anos de preparação, meses e meses de execução, e no final deixa centenas de pessoas esgotadas de tanto esforço. E custa (geralmente) milhões de dólares – sempre com a expectativa de render bem mais.
Quando a gente se queixa da violência dos filmes, da TV, dos videogames, está de certa forma se queixando não apenas da possível má influência mental que eles possam vir a ter sobre as pessoas, principalmente os mais jovens, mas também do paradoxo de que tanto dinheiro e tanto esforço se concentrem em produzir coisas assim, quando seria possível, talvez, ganhar dinheiro com filmes diferentes – afinal, comédias, filmes românticos, filmes de simples aventuras, tudo isso também costuma dar bons lucros, quando acerta com o “paladar” da galera.
A matança que aconteceu nos EUA na pré-estreia do novo Batman de Christopher Nolan não é uma consequência do filme, nem desse tipo de filme. Os dois são sintomas de nossa fascinação permanente pela violência e pela destruição. Somos seres biológicos, de carne e osso, vulneráveis à violência, condenados à morte, e por isso pensamos nisso o tempo todo. Somos o único animal que sabe que vai morrer e o único que (como diz o ditado) morre mil vezes de mentira antes de morrer de verdade. Batman, o herói desarmado que evita matar, é o Ego tentando reprimir os Coringas incontroláveis da crueldade, e sentindo sempre o horror de se saber semelhante a eles.
Cresci numa época em que a censura etária era mais rigorosa nos cinemas, e não havia a TV a cabo, como hoje, passando sexo pornô e esquartejamentos explícitos ao alcance de qualquer guri de 10 anos. A galera de hoje sofre um verdadeiro massacre de violência, e não o faz a contragosto, faz (se bem recordo minha infância) por fascinação própria. Quando eu tinha dez anos eu queria ver isso tudo. Não queria que acontecesse a ninguém, mas se acontecesse eu queria ver como foi. Não é de admirar que ao lado de 999 caras que querem somente “ver como foi” apareça 1 querendo fazer. Somos animais de carne e osso com uma trágica consciência da dor, da maldade, da morte. Um dia nos transformaremos em avatares eletrônicos dotados de consciência, mas enquanto isto não ocorre iremos sentir o que Augusto dos Anjos descreveu como “essa necessidade do horroroso / que é talvez propriedade do carbono”.
Braulio Tavares é escritor, poeta e compositor brasileiro. Texto publicado em sua coluna diária no Jornal da Paraíba (Campina Grande-PB).

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