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segunda-feira, 9 de julho de 2012

PROJETO " TEMPLO DO SOM", DE HERMETO PACHOAL, SEM PATROCINADORES

por Julieta El-Khouri

Hermeto Paschoal, compositor e multi-instrumentista, tenta alavancar seu projeto "Templo do Som", mas está difícil. Seu projeto tem por iniciativa ensinar a música diferente da que vem sendo difundida hoje: a música eletrônica vem tomando espaços absurdos, chegando às vias escolares. Ele não consegue apoio financeiro e atribui a falta de interesse à gana que têm os patrocinadores em arrumar dinheiro rápido e acumular capital. Lamentável.

Cultura - Carta Capital

Agência Brasil

Música

08.07.2012 10:20

Na música, o que dá dinheiro é sempre burrice’, diz Hermeto Paschoal

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil


Brasília – O compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal, que acaba de lançar o DVD Hermeto Brincando de Corpo e Alma feito apenas com sons obtidos a partir do corpo, tem muito a ensinar. Apesar de ser o professor dos sonhos para muitos estudantes, o músico tem encontrado muitas dificuldades para emplacar um de seus maiores projetos: o Templo do Som, uma escola de música que, além de repassar sua vasta experiência de vida, tem a ambição de ensinar músicos e pretensos músicos a fugir dos padrões cada vez mais comuns à música contemporânea.



O compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal.
Foto: Galeria de Galeria de ataelw/Fickr

“Infelizmente não tive apoio financeiro de ninguém. Se eu quisesse montar outra coisa para fazer sensacionalismo e que desse mais dinheiro… mas [na música] o que dá dinheiro é sempre burrice. O câncer da alma chama-se dinheiro”, lamenta o multi-instrumentista que ainda não conseguiu patrocínio para fazer o projeto ir adiante. “Hoje estão dando cursos de música eletrônica até nas universidades. É triste, porque esse é o tipo de coisa dirigida a quem, na verdade, não é músico. Usar computador é programar a alma. E quem é músico [de verdade] não quer saber disso”.
Para Hermeto, as escolas de música tendem a fazer com que músicos repitam formas musicais já existentes, sem agregar aquilo que considera a matéria-prima da boa música: o sentimento. “O que não se pode é colocar o saber na frente do sentir”, disse ele à Agência Brasil. “Na teoria [musical] é a mesma coisa. Colocar teoria é colocar o saber na frente do sentimento. Aprender teoria não é aprender música. Você tem de ter a música na cabeça inclusive para poder escrevê-la, até porque, depois de terminar uma música, eu tendo a esquecê-la totalmente”.
Hermeto diz o que falta para tocar o projeto Templo do Som. “Preciso apenas de um lugar que dê para fazer minha escola, para educar o pessoal por meio da música, passando minha experiência de vida e todas as coisas que sinto, sem padronizações e sem cobrar caro dos alunos”, diz. “Patrocinador que não tem inteligência musical não vai me patrocinar. E eu também não vou procurá-lo. Quero alguém que, de fato, ame a música”.


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