Parece que a presidenta Dilma tende a acertar o passo. A
nomeação de Brizola Neto como Ministro do Trabalho dá uma boa guinada na atual
situação do PDT. É um incentivo à luta do dep. Paulo Ramos que vem, a duras
penas, tentando criar barreiras às investidas constantes de Carlos Luppi e José
Bonifácio (correligionários de Janio Mendes) em direção à Executiva do Partido.
(veja abaixo o discurso de Paulo Ramos, na Alerj)
Brizola Neto, 33 anos, assume a pasta do Ministério do
Trabalho e reacende a chama do sindicalismo quando declara que o MTE é o “ambiente
ideal para o avanço das lutas do movimento sindical e do conjunto dos
trabalhadores”. Seu pontapé inicial será a unificação do partido, sem a qual
não poderia empreender sua administração frente ao Ministério do Trabalho, uma vez
que a unidade partidária é o alicerce para a construção de bons projetos que
beneficiem os cidadãos.
A escolha do Ministro agradou os representantes das centrais
sindicais, Força Sindical e CUT, o que pode significar um caminho aberto à
negociação das reivindicações dos trabalhadores. Artur Henrique (PT),
presidente da CUT, considera boa a escolha do novo ministro e diz que ele “terá
que enfrentar desafios como busca por trabalho descente e uma melhor
qualificação dos trabalhadores”. Já Paulo Pereira da Silva (PDT), presidente da
Força Sindical, se limitou a elogiar a escolha.
Um país melhor é o que todos almejamos. Então, vamos torcer
para que as boas intenções do novo Ministro se ratifiquem e que ele não seja
corrompido pelo poder.
Brasil247
Brizola Neto se diz orgulhoso por
assumir ministério do Trabalho
Foto: Fabio Braga/Folhapress
“Na relação entre o capital e o trabalho, o Ministério tem um lado que é a proteção do regime de direitos e garantias do trabalhador brasileiro”, disse o recém-nomeado ministro
Agência Brasil - O recém-nomeado ministro do
Trabalho e Emprego pela presidenta da República Dilma Rousseff, deputado
Brizola Neto, disse hoje (1º), durante as comemorações do Dia do
Trabalho organizada por cinco centrais sindicais na capital paulista,
que assumir a pasta apoiado pelos trabalhadores é um orgulho muito
grande e que, para ele, é claro o papel desse Ministério.
“Na relação entre o capital e o trabalho, o Ministério tem um lado
que é a proteção do regime de direitos e garantias do trabalhador
brasileiro”, afirmou Brizola Neto.
O ministro não quis falar muito durante o discurso porque disse que
só assume a pasta na quinta-feira (3), mas lembrou que as notícias de
geração de mais empregos no Brasil vieram em momento em que há um
ambiente econômico favorável, de aumento da renda do trabalhador
brasileiro.
“É esse o ambiente ideal para o avanço das lutas do movimento
sindical e do conjunto dos trabalhadores. A união das centrais sindicais
é o caminho e, em um ambiente de desenvolvimento econômico de um país
que cresce e gera para o seu povo, a classe trabalhadora pode avançar”,
falou Brizola.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto
Carvalho, informou que a presidenta Dilma deixou claro em sua mensagem à
população na noite de ontem (30) quais os rumos do governo em relação
aos trabalhadores.
“É para a defesa de um emprego de qualidade, de um salário digno para
todos, e por isso nosso governo tem feito uma intransigente defesa em
busca do mercado interno e dos postos de trabalho”, disse Carvalho.
Segundo ele, o governo está trabalhando para reduzir o spread
bancário e os juros. Ele reforçou ainda que a expectativa do governo é a
de que o novo ministro do Trabalho e Emprego tenha uma relação boa com
os sindicatos e as empresas.
DISCURSO DO DEP. PAULO RAMOS - 24/04/2012
24/04/2012 - PDT está virando um partido de aluguel
O SR. PAULO RAMOS – Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, acreditei, um tempo atrás, que não teria eu mais
a necessidade de vir a esta tribuna para falar do meu próprio partido, o
PDT. Imaginei que não teria essa necessidade acreditando que a aqueles
que dirigem, não só nacionalmente como também no Estado do Rio de
Janeiro, a minha legenda, o PDT, já tivessem compreendido o papel
nefasto por eles desempenhado, fazendo com que o partido perdesse quase
que completamente a sua identidade.
No plano nacional, Carlos Lupi e Manoel
Dias e, no Estado do Rio de Janeiro, mais uma vez, Carlos Lupi e José
Bonifácio transformaram o PDT num balcão de negócios, numa legenda de
aluguel, num verdadeiro cartório por eles controlado unicamente para o
atendimento de interesses pessoais. O PDT há muito deixou de ser
alternativa de poder, deixou de expressar o seu programa na defesa de
propostas nacionalistas, na defesa da educação pública de boa qualidade –
a educação integral, simbolizada tão bem pelos CIEPs –, na defesa da
reforma agrária, no debate sobre as famosas reformas de base. Enfim, o
PDT perdeu até o conteúdo de defesa do trabalhador.
O PDT passou a ser uma legenda
completamente desfigurada por aqueles que dele se apropriaram e agora
alcançam benefícios pessoais, não só na disputa pela ocupação de cargos
nos Poderes Executivos com os quais a legenda se alia, mas também
benefícios outros, Sr. Presidente, que desta tribuna até me recuso a
mencionar, de tão abjetos.
Depois de uma decisão judicial,
transitada em julgado, que anulou a última eleição no Estado do Rio de
Janeiro, para o Diretório Regional, os dirigentes do Partido, o mesmo
Carlos Lupi, no plano nacional, nomeia uma comissão provisória composta
pelos mesmos membros da comissão executiva eleita pelo Diretório cuja
convenção foi anulada por decisão judicial. Não só uma afronta à ética
partidária, não só uma agressão ao mínimo democrático que deve existir
em cada legenda, mas acima de tudo um desrespeito flagrante à decisão
judicial.
Foram tentando organizar, de forma
ilegítima, um colégio eleitoral para possibilitar a eternização na
direção do partido daqueles que são os seus verdadeiros mercadores,
vendedores da legenda.
E agora, Sr. Presidente, afrontando
ainda o estatuto partidário, a direção regional, isto é, Carlos Lupi e
José Bonifácio, seu assecla, marcam para o dia 28 uma convenção para a
eleição do Diretório Regional. Eles não têm legitimidade e integram uma
comissão provisória que afronta a decisão judicial. Mas marcam a
convenção sem a obediência do estatuto. Não decidiram Direção Nacional, a
quem cabe, não marcou a eleição com 30 dias de antecedência. Não houve a
reunião da Executiva. Não houve a publicação em nenhum instrumento do
Partido nem na internet. E agora, a oito dias do pleito, divulgaram que a
convenção dar-se-á no dia 28.
Assim, nem posso acreditar que o
ex-ministro Carlos Lupi, que saiu corrido do Ministério, que não pode
mais aparecer em público, que não é fotografado nem ao lado do candidato
a Vereador, do mais longínquo município, que ele se atrevesse a tanto,
que estivesse disposto a afrontar ainda mais a consciência dos
verdadeiros trabalhistas, dos verdadeiros pedetistas.
Meu gabinete tem sido um local de
peregrinação. Recebo trabalhistas amargurados, brisolistas sofridos
vendo o que foi feito da nossa legenda.
Sr. Presidente, venho à tribuna para
mais uma vez fazer um apelo porque não é possível que a Bancada do PDT,
com assento nesta Casa, fique omissa ou cúmplice desse procedimento
porque, afinal de contas, a representação no Poder Legislativo, com a
convivência que tem com as bases partidárias, deveria pelo menos se
esforçar para que o Partido respeitasse o mínimo democrático, que os
diretórios municipais fossem organizados democraticamente. Que nas
zonais do Município do Rio de Janeiro prevalecesse também a visão
democrática, que houvesse tempo porque, agora, foi eleito um novo
Diretório Municipal, na Capital.
Carlos Lupi foi derrotado
fragorosamente, mas que houvesse tempo para que a direção municipal na
Capital organizasse os diretórios zonais para participação numa futura
convenção regional, conforme está no Estatuto. Contudo, preocupados com a
derrota futura, e ainda se apropriando dos mecanismos partidários,
contrariando a decisão judicial, eles marcam uma convenção sem nenhuma
divulgação, para que se apresentem com chapa única e possam, mais uma
vez, se apropriar ou continuar controlando, dessa forma espúria, a nossa
legenda.
Há uma parcela grande resistindo. Os
pedetistas sinceros, os trabalhistas, os brizolistas não se conformam e
estão proclamando por todos os lugares: “Fora, Lupi!”, “Fora, José
Bonifácio!”, que ainda está como Subsecretário de Defesa do Consumidor. É
uma figura que pode ser encontrada em vários lugares, inclusive nos
principais bares de nossa Capital, menos no nosso partido, dirigindo a
legenda de forma responsável.
Sr. Presidente, agora posso dizer desta
tribuna que eles se acanalharam de forma tal que fico a imaginar qual
será a reação daqueles que não se conformam. Estamos reagindo, buscando,
mais uma vez, a proteção do Poder Judiciário; estamos reagindo nos
mobilizando internamente – e veja que nem podemos nos reunir na sede do
partido, porque eles a mantêm fechada. A sede do PDT hoje só abre em
alguns momentos, para que eles possam praticar os atos que praticam,
descumprindo qualquer dispositivo estatutário, descumprindo a Lei,
descumprindo decisão judicial. O PDT hoje vive de portas fechadas.
Sr. Presidente, venho aqui para convocar
os verdadeiros pedetistas, os verdadeiros trabalhistas e os verdadeiros
brizolistas para que, juntos, possamos resgatar a nossa legenda. Mando
um abraço ao Deputado Federal Brizola Neto pela vitória que o consagrou
como Presidente do PDT no Município do Rio de Janeiro. Carlos Lupi tudo
fez para impedir que Brizola Neto fosse nomeado Ministro do Trabalho, o
que ainda é a nossa esperança, mas não foi possível. Quando o voto foi
permitido na Capital, Lupi não conseguiu manter o controle do partido
porque foi fragorosamente derrotado pela chapa encabeçada pelo Deputado
Federal Brizola Neto.
Que saiba Lupi que ele está com os dias
contados à frente de nossa legenda; que ele, que se acanalhou de tal
forma que ainda ousa nos agredir da forma como vem fazendo, marcando uma
convenção contra os dispositivos estatutários e sem a observância de
prazos regimentais, saiba que os canalhas como ele deixarão em breve a
direção do PDT e seguramente deixarão também a nossa legenda.
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