Rosario Crocetta, candidato de centro-esquerda e gay, venceu as eleições na Sicília. Uma das promessas ao candidato era de que, se eleito, renunciaria ao sexo. O índice de abstenções caiu de 67% (nas eleições de 2008) para 47% (esse ano) e leva ao poder um político que defende o fim do pagamento da proteção à máfia (pizzo), de quem recebeu diversas ameaças em seu percurso.
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Carta Capital.com.br - Internacional
Gianni Carta
30.10.2012 13:03
A Sicília elege primeiro governador gay
Com mais de 30% dos votos, Crocetta, católico praticante, agora deverá
cumprir sua promessa. Será? Já o candidato do Movimento 5 Stelle, do populista
Beppe Grillo, que atravessou a nado o canal do estreito de Messina para mostrar
os elos entre a Bota e a sua mais bela ilha, obteve 18% dos votos.
Um elo entre Crocetta, o partido de Grillo e outras legendas terá de ser
forjado para que haja uma maioria no Parlamento na ilha de 5 milhões de
habitantes.
O mais notável nesse resultado foi a derrota do Partido das Liberdades (PDL)
do sucessor do ex-premier Silvio Berlusconi, Angelino Alfano, um advogado
siciliano. (É verdade que a reputação de Alfano foi prejudicada quando, no fim
de semana, Berlusconi anunciou que voltaria à política). Vale ressaltar: há
muito tempo a Sicília era bastião da direita.
Também é importante frisar o abstencionismo, de 47%, abaixo dos 67% que foram
às urnas em eleições em 2008. Como escreve Ilvo Diamanti, do diário italiano
La Repubblica, esse abstencionismo é resultado de uma “crise da
democracia”. Existe, continua o editorialista, uma “patologia” contra os
partidos políticos tradicionais. Em suma, ao não votar os sicilianos apoiaram as
agremiações não tradicionais.
Dito de outra forma, o escrutínio siciliano confirma o protesto contra as
dita legendas “corrompidas no poder”. Trata-se, em outras palavras, de uma
eleição – ao eleger políticos e legendas marginais e devido ao seu absenteísmo –
de puro protesto.
Para as eleições gerais de abril, é claro, o resultado na Sicília é
preocupante. Além de o futuro quadro político ser indecifrável, seria
ingovernável um novo Parlamento com gente com populistas Beppe Grillo.
De positivo no pleito siciliano, contudo, é a vitória de Crocetta. O político
representa a coalizão entre o Partido Democrático e partido cristão, UDC.
Ex-prefeito de Gela, Crocetta convenceu empresários locais a não mais pagar o
pizzo (proteção) para a máfia. Ele lidou com todas as ameaças da máfia
para liquidá-lo, e gosta de repetir que numerosos mafiosos são, como ele,
homossexuais.
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