Faleceu ontem, no Rio de Janeiro, o arquiteto Oscar Niemeyer, por motivo de complicações renais e desidratação. O velório será em Brasília, sua grande obra, e o enterro, no Rio de Janeiro.
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Niemeyer velado em Brasília, sua maior criação
Internado desde o último dia 2 de novembro, o arquiteto de renome internacional completaria 105 anos no próximo dia 15. O estado de saúde de Niemeyer piorou muito nesta quarta-feira e, às 21h55, o arquiteto faleceu vítima de complicações renais e desidratação. Velório vai ocorrer no Palácio do Planalto, em Brasília. "O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida", disse a presidente Dilma Rousseff em nota.
6 de Dezembro de 2012 às 05:33
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247 - Chegou ao fim na noite desta quarta-feira, às 21h55, uma vida dedicada à arquitetura. Oscar Niemeyer, de 104 anos, morreu no Rio de Janeiro, vítima de complicações renais e desidratação. Ele estava internado desde 2 de novembro no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul. Niemeyer completaria 105 anos em 15 de dezembro.
O velório do arquiteto vai ocorrer no Palácio do Planalto, em Brasília. O enterro, contudo, será no Rio de Janeiro, na sexta-feira. O corpo de Niemeyer sai do Rio de Janeiro às 10h desta quinta e chega a Brasília por volta de 12h em avião da FAB. Bombeiros e pioneiros farão a recepção na cidade.
"Assim que soube da morte de Oscar Niemeyer, a presidenta Dilma ligou para a viúva, D. Vera, para prestar condolências e colocar o Palácio do Planalto à disposição da família para o velório, que deve ocorrer nesta quinta-feira", informou o Blog do Planalto via Twitter poucos minutos após a confirmação da morte.
A presidente Dilma divulgou nota para homenagear o arquiteto. "O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida", disse a presidente (leia a íntegra abaixo). O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), também telefonou para a família de Niemeyer e ofereceu o Salão Negro do Congresso Nacional para as homenagens.
Ao lado da família
O médico intensivista e clínico Fernando Gjorup, que nos últimos anos foi o médico do arquiteto Oscar Niemeyer, disse que o arquiteto morreu às 21h55 tendo ao lado membros da família, entre eles netos e sobrinhos.
Segundo Gjorup, "de ontem [4] para hoje [5], o paciente apresentou uma piora. Os exames de sangue já vinham mostrando isso. Hoje pela manhã, o estado de saúde piorou ainda mais e ele precisou da ajuda de aparelhos para respirar", disse. Muito abalado, o médico declarou que o arquiteto morreu vítima de infecção respiratória.
Gjorup declarou, ainda, que Niemeyer, neste último mês, onde ficou internado por 33 dias no Hospital Samaritano, nunca falou em morte, sempre falou da vida. Informou que ele vinha apresentando sinais de piora dos exames laboratoriais e infecção respiratória.
"Hoje pela manhã apresentou insuficiência respiratória, teve que ser entubado e ventilado por aparelho e agora à noite ele não tolerou e veio a falecer às 21h55".
Leia nota da presidente Dilma Rousseff:
"A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem", dizia Oscar Niemeyer, o grande brasileiro que perdemos hoje. E poucos sonharam tão intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele.
A sua história não cabe nas pranchetas. Niemeyer foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva.
Da sinuosidade da curva, Niemeyer desenhou casas, palácios e cidades. Das injustiças do mundo, ele sonhou uma sociedade igualitária. "Minha posição diante do mundo é de invariável revolta", dizia Niemeyer. Uma revolta que inspira a todos que o conheceram.
Carioca, Niemeyer foi, com Lúcio Costa, o autor intelectual de Brasília, a capital que mudou o eixo do Brasil para o interior. Nacionalista, tornou-se o mais cosmopolita dos brasileiros, com projetos presentes por todo o país, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre outros países. Autodeclarado pessimista, era um símbolo da esperança.
O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
Presidenta da República Federativa do Brasil
De mente e mãos rápidas, Niemeyer marcou um novo estilo de fazer arquitetura
Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Símbolo da vanguarda e da crítica ao conservadorismo de ideias e projetos, o carioca Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, de 104 anos, que morreu na noite desta quarta (5), é apontado como um dos mais influentes na arquitetura moderna mundial. Os traços livres e rápidos criaram um novo movimento na arquitetura. A capital Brasília é apenas uma das suas inúmeras obras espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.Dono de um espírito inquieto e permanentemente em alerta, Niemeyer lançou frases que ficaram na memória nacional. Ao perder mais um amigo, ele desabafou: "Estou cansado de dizer adeus". Em meio a um episódio de mais violência no Rio de Janeiro, perguntaram para Niemeyer se ele ainda se indignava, a resposta foi rápida e objetiva. "O dia em que eu não mais me indignar é porque morri."
Em 1934, Niemeyer se formou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. De princípios marxistas, ele resistia ao que chamava de arquitetura comercial. Até 2009, ele costumava ir todos os dias ao escritório, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A frequência caiu depois de duas cirurgias – uma para a retirada de um tumor no cólon e outra na vesícula. Em 2010, foi internado devido a um quadro de infecção urinária.
Ao longo da sua vida, Niemeyer associou seu trabalho à ideologia. Amigo de Luís Carlos Prestes, ele se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e emprestou o escritório para organizar o comitê da legenda. Durante a ditadura (1964-985), ele se autoexilou na França. Nesse período foi à então União Soviética.
Em 2007, Niemeyer presenteou Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, com uma escultura na qual há uma imagem monstruosa que ameaça um homem que se defende com a bandeira de Cuba. No mesmo ano, foi alvo de críticas pelo preço cobrado, no valor de R$ 7 milhões, pelo projeto de construção da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.
Independentemente das polêmicas, Niemeyer se transformou em sinônimo de ousadia com a construção de Brasília. Os cartões-postais da cidade foram feitos por ele, como a Igrejinha da 307/308 Sul, construída no formato de um chapéu de freira cuja obra durou apenas 100 dias.
O Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, foi o primeiro edifício público inaugurado na capital, em junho de 1958. Na obra, Niemeyer colocou os pilares na fachada do prédio para simbolizar o emblema de Brasília.
A sede do governo federal, o Palácio do Planalto, compõe o conjunto de edifícios da Praça dos Três Poderes onde estão os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional – formado por duas semiesferas simbolizando a Câmara dos Deputados (voltada para cima) e o Senado (voltada para baixo).
Porém, um dos símbolos mais visitados da capital é a Catedral Metropolitana. Construída como uma nave, o acesso ao prédio é possível por meio de uma passagem subterrânea. No teto da igreja, há anjos dependurados.
Em janeiro deste ano (2012), Niemeyer enterrou a filha Anna Maria, de 82 anos, que morreu em consequência de um enfisema pulmonar, no Rio. Desde então, segundo amigos, o arquiteto passou a sair menos de casa e ficou mais fechado.
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